O desafio de ver a cidade de Marabá com olhar crítico, expressando as problemáticas urbana e ambientais a partir de parâmetros da constituição evolutiva e da sua formação econômica, possivelmente se acentua por ser uma cidade, que desde sua constituição, tem sua paisagem urbanística passado por transformações intensas e contínuas. Assim, “retratar” de forma clara o processo de apropriação social do espaço constitui-se um grande e estimulante desafio.
As ações de desenvolvimento econômico levantam preocupações com o urbano e com o meio ambiente, principalmente por envolver a sociedade como principal interventora nos recursos naturais, ocasionando com isso processos metabólicos em nome do progresso e do bem-estar da população.
No ano de 2001, foi aprovada e sancionada a Lei Federal nº 10.257 denominada de Estatuto da cidade, que definiu diretrizes gerais para o desenvolvimento urbano dos municípios no Brasil. No caso especifico da cidade de Marabá poderíamos fazer o seguinte questionamento: Qual a relação existente entre o Estatuto da Cidade com as questões ambientais em consequência ao desenvolvimento econômico no município de Marabá?
A história da constituição e desenvolvimento das cidades sempre foi expressa do ponto de vista do poder econômico, onde, conforme PRIETO (2006, p.01): “Como se sabe, as cidades brasileiras foram vítimas do processo desordenado de urbanização que marcou a metade do século passado e essas intensas transformações no meio urbano também impactaram sobre o meio ambiente”. Essa afirmação retrata bem a realidade da Mesorregião Sudeste do Pará, principalmente da cidade de Marabá, considerada como polo comercial e político da região, condições que lhe tem proporcionado impactos sociais/ambientais imensos.
As cidades sempre foram vitimadas pelo desordenamento urbanísticos, em consequência de uma lógica desenvolvimentista economicista, na qual as consequências são visíveis e as transformações degradantes das cidades são uma realidade. A cidade de Marabá tem marcas históricas que representam essa realidade, transformações ambientais, culturais e sociais são indicadores que representam essa lógica econômica de desenvolvimento com a desconstrução e construção ao longo de sua evolução. Foi assim tanto com as florestas dos castanhais, substituídas por pastagens, quanto atualmente com a implantação de grandes projetos de hidrelétricas e ferrovias para a exploração mineral.
Esse processo tem permitido realizar registros fotográficos fantásticos, tanto por fotógrafos profissionais como amadores e também por amantes da fotografia. Exemplo desses registros é o trabalho de Sebastião Salgado com seu projeto que tem por tema: “Terra”, onde a região Sudeste do Pará é contemplada com imagens histórica do processo de extração manual do ouro no garimpo de Serra Pelada.
Portanto, o desafio de registrar a realidade de Marabá, do ponto de vista ambiental, nos permite viajarmos numa evolução histórica recente que é possível ver a cidade com suas contradições e realizar análises do ponto de vista conceitual a partir das imagens fotográficas.
[i] Glauco Brito é agrônomo e fotógrafo apaixonado. Ao longo do processo de formação e atuação profissional sua prioridade sempre foi norteada pelas preocupações ambientais e sociais, pesquisando campo produtivo na lógica agroecológica e na segurança alimentar com produção de alimentos saudáveis. A fotografia, nesse contexto, tornou-se uma ferramenta fundamental, principalmente nas atividades de extensão e na pesquisa. Foi utilizando as imagens fotográficas como instrumento de trabalho que possibilitou ao longo do tempo ir aperfeiçoando suas técnicas fotográficas. Glauco já participou do VER-A-CIDADE em três edições (2012, 2014 e 2015), e neste ano foi o nosso fotógrafo convidado.